sexta-feira, 15 de abril de 2011

Errar é humano, mas não admito meus erros


"O ser humano é de um lirismo ácido. Todos sabem que errar é humano, mas insistirmos em ser deuses, temos a necessidade neurótica de sermos perfeitos. Amamos conviver com pessoas simples, despojadas, mas complicamos nossa vida. A energia gasta pela necessidade neurótica de ser perfeito é carisma, esmaga o prazer de viver.

O medo da crítica, do vexame, da rejeição, do pensamento alheio, dos olhares sociais, tem feito mentes brilhantes apagarem seu luzeiros. Por nada e ninguém podemos deixar de decifrar o código da espontaneidade. Quem não o decifra pouco a pouco não se deprime. Nossa liberdade não pode estar à venda por preço algum. Mas a vendemos por bobagem, a trocamos com incrível facilidade.

Quando alguém nos aponta um erro, mudamos de cor e trocamos de humor. Quando alguém revela alguma atitude estúpida, ficamos indignados. Nas relações em que o poder é desigual, a situação é pior. Quando um paciente corrige um psiquiatra, gera um escândalo. Quando um funcionário ponta uma falha de um executivo, é sinal de irreverência.

Quantos professores não cometeram acidentes na formação da personlidade dos seus alunos, ainda que sem perceber, porque nunca tiveram coragem de pedir desculpas quando levantaram a voz desnecessariamente ou julgaram precipitadamente? não decifraram o código do desprendimento e da generosidade.

Quem não decifra os códigos da inteligência acaba formando deuses, jovens insensíveis, frios, que só pensam em si mesmo. Quem os decifra e os aplica tem grande chance de formar pensadores que decifrarão e aplicarão também esses códigos."


Cury, Augusto, 1958
O código da inteligência: a formação de mentes brilhantes e a busca pela excelência emocional e profissional/ Augusto Cury - Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil/ Ediouro, 2008.

Um comentário:

  1. Adorei este texto, penso que se todas as pessoas tivessem acesso a essa reflexão, poderíamos fazer uma revolução nas nossas atitudes. É hora de entendermos que entramos na era do "ser". Diante de tantos acontecimentos bárbaros, precismos, parar e rever nossos atitudes enquanto pais, educadores e profissionais.

    ResponderExcluir